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Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Minicípio de São Paulo

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Educação

17/09/2021 - 12:11

Gestão Ricardo Nunes investe menos de 30% no trimestre em manutenção dos CEUs e avança no sucateamento

Por Cecília Figueiredo, do Sindsep


Mais de R$ 500 milhões estão disponíveis nos cofres municipais, dinheiro público advindo do pagamento de nossos impostos, no entanto os Centros Educacionais Unificados não tiveram nem 30% do que foi orçado para este ano. 
 
Conforme estudo da Bancada do PT na Câmara Municipal, no orçamento 2021 há 13 dotações com recursos direcionados aos CEUs, no entanto, apenas 3 delas foram executadas, e de maneira bastante reduzida. A dotação Manutenção e Operação de Centros Educacionais Unificados (CEU) orçada em R$ 503 milhões, teve empenhado menos da metade dos recursos (R$ 247 milhões) e liquidou até 1º de setembro apenas R$ 149 milhões, o equivalente a 29,6% do orçado. 
 
 
 Estudo da Bancada do PT na Câmara Municipal
 
 
Nem mesmo a pandemia e a baixa imunização da população sensibiliza o governo. Pelo contrário, no CEU Vila do Sol, três trabalhadores da gestão e outras duas da limpeza estão afastados por Covid-19. O Sindsep verificou no local a falta de condições sanitárias para as aulas presenciais.
 
Não há higienização de colchonetes nem dos bebedouros, os displays de álcool em gel estão vazios pelos corredores e não há papel toalha no equipamento. A empresa terceirizada pela gestão Ricardo Nunes, para prestar o serviço de limpeza, informa que não fornecer esses itens.
 
 
Situação de alguns CEUs
 
O atendimento do CEU, que assim como outras escolas, foi retomado em 100% presencial este mês, também está com menos profissionais da limpeza e os tapetes sanitizantes (colocados para higienizar a sola dos sapatos e livrar o ambiente dos vírus) sempre secos. 
 
A garantia de investimento em ambiente seguro para a retomada do atendimento presencial não é o foco desta gestão. O processo de precarização dos CEUs é o que move esse governo. Não fosse isso, porque o abandono do CEU Aricanduva e a interdição tardia do CEU Capão Redondo pela Defesa Civil pelos inúmeros problemas estruturais que se arrastam desde os tempos de João Doria na Prefeitura de São Paulo? 
 
 
Aglomeração para testagem de professores, em abril deste ano, no CEU Aricanduva, expõe o descaso da gestão.
 
Os exemplos da falta de cuidado com a vida da população e o dinheiro público são inúmeros, e indigna ler a Prefeitura de São Paulo garantir, nas respostas à imprensa, que está seguindo os protocolos orientados pelas autoridades de Saúde para atendimento presencial na rede. “Equipes das duas áreas fazem um trabalho conjunto visando o controle da transmissão da Covid-19 na comunidade escolar; que monitora as unidades escolares e dá suporte técnico para investigação de casos junto às UBS e Unidades de Vigilância em Saúde”, afirma a Secretaria de Educação exaustivamente.
 
 
Protesto em frente a DRE Campo Limpo, em defesa do CEU Capão Redondo, em 9 de agosto. | Foto: CF
 
Se é verdade todo esse empenho, então porquê o CEU Formosa, que aguarda desde fevereiro as obras de reparo em seu sistema hidráulico, segue fechado para o público e sem iniciar a obra?
 
Indignada, a comunidade escolar lançou um abaixo-assinado para protestar contra o descaso do governo municipal, fazendo uma ressalva “apesar do empenho da equipe da administração local, o conserto ainda não foi iniciado”.
 
“O CEU Formosa conta com CEI, EMEI e EMEF, além de várias atividades gratuitas para toda a comunidade, tirando muitas crianças da rua. Estamos sentindo a falta da biblioteca, do balé, da ginástica entre outras atividades esportivas e culturais. Com a pandemia, perdemos o ambiente ideal para o desenvolvimento humano de nossas crianças e adolescentes que ficaram vulneráveis na rua, bem como, sem o direito a um ensino igualitário e de qualidade, uma vez que os tablets, prometidos pela prefeitura apenas foram entregues em julho do corrente ano. As escolas em funcionamento no local organizaram a entrega de atividades impressas aos alunos. Todavia, em 26/08/2021, fomos informados da interdição total e da proibição da entrada da comunidade no local, o que implica também no impedimento ao acesso a esse tipo de material pedagógico e prejuízos ainda mais sérios em relação a aprendizagem das nossas crianças - isso é um desserviço bárbaro”, ressalta o texto do manifesto lançado pela comunidade do CEu Formosa.

No CEU Alvarenga, zona Sul, a situação também é de caos. Não há papel nos banheiros sob a justificativa de que as crianças "estariam estragando o papel". O número de trabalhadores de limpeza está reduzido, portanto os ambientes após eventos não estão sendo higienizados. Há também uma coluna com rachadura próximo ao Telecentro. Analistas de esportes estão sendo impedidos de dar aulas nos ambientes para dança e ginástica, porque os espaços estão sendo utilizados por outra escola. A caixa d´água da escola precisa de reparo há meses, o atendimento presencial foi retomado e a obra não foi iniciada. A comunidade escolar também anseia por esclarecimentos sobre o direcionamento dos recursos do Recreio nas Férias, programa que não foi executado este ano pela pandemia.
 
 

CEU Alvarenga: problemas na estrutura, falta de espaços para atividades, de pessoal de limpeza e sem transparência no uso de recursos. | Foto: CF
 

"É muito contraditório tudo isso. Tem dinheiro em caixa e nossos CEUs padecem com estruturas precárias, expondo servidores e população ao risco. É evidente que esta gestão está sucateando os CEUs para entregar a iniciativa privada, a priori os 12 novos CEUs, mas sabemos que os 46 estao na mira. Um absurdo que a população precisa estar a par, assinem nosso abaixo-assinado e seguiremos na luta em defesa dos CEUs públicos para população paulistana", enfatiza Luba Melo, dirigente do Sindsep.


IX CONGRESSO DE EDUCAÇÃO APROVA MOÇÃO DE REPÚDIO
 
A direção do Sindsep, por meio do IX Congresso de Educação aprovou no início desta tarde uma moção de repúdio à política de sucateamento dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) do Município de São Paulo, praticada pela gestão Ricardo Nunes.

No documento, aprovado por unanimidade pelos congressistas que participam do evento do Sindsep, desde o dia 15 de setembro, é apontado o estudo elaborado pela Bancada do PT na Câmara Municipal revelando que mais de R$ 500 milhões deixaram de ser investidos na manutenção e operação dos equipamentos educacionais, de cultura, esporte e lazer das comunidades mais carentes de São Paulo. "Os CEUs não tiveram nem 30% do investimento previsto no orçamento deste ano. A dotação Manutenção e Operação de Centros Educacionais Unificados (CEU) orçada em R$ 503 milhões, teve empenhado menos da metade dos recursos (R$ 247 milhões) e liquidou até 1º de setembro apenas R$ 149 milhões, o equivalente a 29,6% do orçado", cita um dos trechos da moção. 
 

* Atualizada às 15h30
 
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