O Sindsep esteve na manhã desta segunda-feira (22) no Centro Educacional Unificado (CEU) Azul da Cor do Mar para verificar as condições do complexo de ensino na Cidade AE Carvalho, na zona Leste, e constatou situação precária para a volta às atividades presenciais. Em curto tempo de circulação pelo equipamento que concentra CEI, EMEI, EMEF, biblioteca, telecentro e bloco esportivo, a dirigente do Sindsep, Luba Melo, constatou a falta de cumprimento das condições sanitárias em razão do número insuficiente de profissionais da limpeza e higienização.
CEU está com metade de trabalhadoras da limpeza e tem uma analista de Esportes afastada por Covid-19.| Foto: Divulgação/PMSP
De acordo com a coordenadora da Região Sudeste e secretária de Atenção a Mulher Trabalhadora, as recomendações mínimas de limpeza e desinfecção não estão sendo cumpridas, “porque não há como sete trabalhadoras da limpeza realizarem a higienização exigida em protocolo em tantos espaços de forma segura e sem se colocar em risco ou expor crianças e trabalhadores da Educação ao risco de contaminação da Covid”.
Para Luba trata-se de uma situação bastante grave a abertura de atividades presenciais no CEU, por onde em período normal costuma ter a circulação média de 3 mil pessoas por dia, num momento em que a Prefeitura de São Paulo reduziu os contratos de limpeza e higienização, reabrindo as escolas com um número tão restrito de faxineiras. “É impossível a higienização de brinquedos e materiais após uma atividade esportiva, por exemplo”, cita.
Além de brinquedos, materiais que são manipulados durante uma aula, o protocolo encaminhado pela Secretaria Municipal de Educação estabelece a limpeza e desinfecção do piso na troca de turnos e sempre que necessário em todos os espaços utilizados ou de passagem. A unidade deve estabelecer um cronograma de limpeza diária e “profunda”, diz o documento de 160 páginas encaminhados aos gestores dos equipamentos educacionais. A limpeza de sanitários, pias, torneiras, pontos de descarga, fechaduras, interruptores, puxadores de portas, maçanetas, janelas, corrimãos deve ser realizada várias vezes ao dia, além da limpeza semanal.


Para que isso seja realizado no complexo educacional Azul da Cor do Mar, que inclui CEI CEU Azul da Cor do Mar, EMEI Jardim Vila Nova, EMEF Professora Conceição Aparecida de Jesus e ETEC Zona Leste, além de espaços da gestão, biblioteca, telecentro e bloco esportivo, existem hoje, com o fim do contrato de limpeza, apenas uma encarregada e 6 faxineiras para o turno da manhã (6h às 14h) e 6 para a tarde (14h às 22h). “Professores e profissionais do CEU com quem eu conversei estão revoltados com a situação de risco”.
Luba critica a redução nos contratos de limpeza, que lançou centenas de trabalhadoras/es contratados com carteira assinada ao desemprego, e vê com preocupação a iniciativa do governo Covas de substituir de forma precária mães da comunidade para o serviço de limpeza e desinfecção das escolas, pelo risco que poderá ser ainda maior a essas pessoas. "As mães serão contratadas por salário de R$ 1.155 mensal, pelo Programa Operação Trabalho (POT)", acrescenta.
Limpeza é fundamental para garantir o cumprimento dos protocolos preventivos de transmissão do coronavírus.
Segundo ela apurou uma analista de Esportes está afastada por suspeita de Covid-19. “Todos sabemos que a curva de contaminação por Covid vem aumentando de forma muito grave. Estamos com 741 casos confirmados e 1833 suspeitas da doença na rede municipal de ensino. É dramático o descaso da prefeitura com relação à vida dos profissionais e das crianças. A limpeza é fundamental para garantir o cumprimento dos protocolos preventivos de transmissão do coronavírus, mas o que vemos em nossas unidades é a redução de quadro de trabalhadores da limpeza e sobrecarga de trabalho das funcionárias que permaneceram. É inadmissível", denuncia Luba.
Na visita, a dirigente do Sindsep conversou com trabalhadoras/es sobre a importância do engajamento à greve, porque não há condições seguras para o CEU receber trabalhadores e alunos em atividades presenciais. “Estamos na Greve da Educação, a Greve pela Vida e é de extrema importância o engajamento dos trabalhadores/as contra esse retorno no momento em que temos uma quantidade gigantesca de casos da doença em São Paulo”, reforça.