Educação

Prefeitura paralisa a testagem anunciada a 777 mil pessoas da Educação

26/02/2021 13:18

A promessa do prefeito Bruno Covas (PSDB) foi feita dez dias após iniciar a corrida eleitoral, durante uma coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em dezembro, o censo atingiu 17,7% da meta, ou 137.589 pessoas, e parou.

Com o país batendo recorde de mortes em 24h, dezenas de casos pelas novas variantes do coronavírus, que atingem, principalmente, crianças e jovens, a Prefeitura de São Paulo segue surda aos apelos para o diálogo do movimento grevista, sem suspender as aulas e nem dar condições a trabalhadores da Educação, alunos e pais.
 
Várias escolas estão suspendendo aulas por registrarem surtos da doença, cidades como Araraquara determinaram o lockdown pelo avanço da transmissão mais veloz das novas variantes, e o prognóstico feito pelo próprio governo do Estado é de colapso dos sistemas de saúde em três semanas.
 
O governo de São Paulo demonstra não ter a mínima preocupação com trabalhadores da educação, alunos e suas famílias, não cumprindo nem mesmo a testagem anunciada em setembro do ano passado. Como identificou a reportagem da Uol, na última segunda-feira (22), o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou a realização de 777 mil testes de Covid-19 para alunos, professores e funcionários da rede municipal de ensino, antes da reabertura das escolas, mas a "testagem em massa" não atingiu nem 18% da promessa.
 
A promessa do prefeito Bruno Covas (PSDB) foi feita dez dias após iniciar a corrida eleitoral, durante uma coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em dezembro o censo atingiu 17,7% da meta, ou 137.589 pessoas, e parou.
 
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, nem mesmo os 181 mil testes da primeira etapa foram concluídos.
 
“Na primeira fase [de 1º a 10 de outubro] (...) foram 136.011 pessoas testadas. Em 11 de novembro, teve início a segunda fase (...) com a testagem de 1.578 pessoas: 247 crianças e 1.331 professores e apoiadores”, disse a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo à reportagem.
 
Os números são bem aquém da promessa que o prefeito tucanos anunciou com ‘pompa e circunstância’, em 25 de setembro de 2020, durante coletiva à imprensa, no Palácio dos Bandeirantes, ao lado do governador João Doria (PSDB).
 
“Gostaríamos de anunciar a realização do censo sorológico da Educação Municipal. Nós vamos testar os 102 mil profissionais da educação do município e 675 mil alunos acima de 4 anos de idade. Portanto, vamos testar 777 mil pessoas aqui na cidade de São Paulo, o que equivale à população da cidade de São José dos Campos… Testes sorológicos para poder verificar como está a prevalência do coronavírus em todos os alunos da rede municipal e nos profissionais da Educação. A primeira etapa desse censo começa a semana que vem, dia 1º de outubro [de 2020], quando nós vamos testar os 93 mil profissionais até 60 anos de idade, 45 mil alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, 41 mil alunos do 3º ano do Ensino Fundamental e os 2.400 alunos que nós temos no Ensino Médio. Serão, portanto, nessa primeira fase que se inicia na semana que vem 181 mil pessoas. Elas serão testadas dentro das escolas. Essa vai ser uma ação conjunta entre a Secretaria de Saúde e a Secretaria da Educação...”, prometeu o prefeito de São Paulo durante campanha à reeleição, em setembro de 2020.
 
A volta das aulas na rede municipal, em 15 de fevereiro, teve a adesão de 882 das 1.400 unidades escolares. A greve, deflagrada pelo Sindsep e outras entidades dos trabalhadores da Educação, decorre da insegurança e falta de condições sanitárias para a retomada das atividades presenciais. Em 580 unidades escolares faltam equipes de limpeza, em mais de 60 acontecem ainda reformas.
 
A Secretaria Municipal de Educação disse, em nota à reportagem, que “a ação foi encerrada em dezembro, pois, com o plano de retomada das aulas a partir de fevereiro de 2021, as ações foram voltadas aos protocolos de biossegurança nas escolas” e “identificação e atendimento dos casos de sintomáticos respiratórios”.
 
POR ISSO ESTAMOS EM GREVE
 
Na avaliação do Sindsep, o encerramento do censo sorológico é mais um elemento que não deixa nenhuma dúvida que a greve é a única forma para que esse governo descomprometido com a vida abra o diálogo e atenda as reivindicações. "A Prefeitura não garante as condições sanitárias mínimas para o retorno e coloca profissionais e comunidade escolar em perigo. Nem mesmo a promessa de testagem dos 777 mil, anunciada de forma eleitoreira, em setembro, foi cumprida. Não podemos expor nossas vidas. Por isso estamos em greve e seguiremos até que haja diálogo e cumprimento de reivindicações básicas, como a volta do censo sorológico, adequação do calendário escolar ao plano de imunização municipal, EPIs em quantidade e qualidade. Enquanto isso não acontece, suspensão das atividades presenciais e teletrabalho para todos da Educação", acrescentou Maciel Nascimento, secretário de Formação dos Trabalhadores da Educação do Sindsep.