Funcionalismo

Encontro de RSU é marcado pelo debate da PEC 32 e da luta dos servidores contra esse projeto

25/06/2021 16:05

Trabalhadores se preparam para a luta contra a PEC 32 e para que o prefeito atenda as reivindicações da pauta da campanha salarial 2021

O Sindsep realizou na manhã desta sexta-feira (25), o encontro dos seus Representantes Sindicais de Unidade – RSU para debater questões relacionadas aos servidores e ao funcionalismo público.

 

A abertura da reunião foi feita pelo vice-presidente, João Gabriel Buonavita, que falou sobre o lançamento da campanha salarial unificada 2021, construída pelo Fórum das Entidades. Lembrou da greve da educação que durou 120 dias e foi histórica. A morte do prefeito Bruno Covas e o novo prefeito Ricardo Nunes, que se está tentando entender o seu perfil.

 

A bonificação de resultados aprovadas também foi abordada, pois ela é uma política que o Sindsep não concorda, pois exclui os aposentados e divide os servidores. A luta contra a reforma administrativa, a PEC 32 e os atos Fora Bolsonaro, segundo João foram importantes, pois está mobilizando as categorias a irem para as ruas. No dia 24 de julho, mais de 400 cidades participaram das manifestações.

 

Mudando o formato das reuniões em que num primeiro momento é feito uma análise de conjuntura e num segundo as falas de servidores representando as várias áreas do funcionalismo. No primeiro momento, servidores da saúde, educação e GCM realizaram suas falas.

Na saúde, agente de apoio do HSPM, Eliane Soares de Lima, falou sobre os problemas enfrentados pelo setor de nutrição que esperou por muito tempo para que houvesse uma reforma e quando foi entregue, foi feito em péssimas condições. Há sérios problemas com acidentes de trabalho no setor. Afirmando ainda que o local virou uma bomba e que os trabalhadores correm sérios riscos.

 

Adriana Vieira, trabalhadora da saúde com duplo vínculo no SAMU e no Hospital Dr. Artur Ribeiro de Saboya, falou sobre a preocupação dos trabalhadores frente a terceirização que avança, explicando que no hospital, servidores que trabalhavam a mais de 20 anos no Pronto Socorro foram removidos para outros setores, alguns como punição não puderam nem escolher para onde ir. O adoecimento também foi abordado, bem como a falta de EPIS.

 

Na educação professora de artes do Butantã, Lira Alli, lembrou da greve e agradeceu Sindsep por dar voz aos trabalhadores e estar junto na luta, da importância dos comandos de greve na organização do movimento. E da falta de compromisso do governo que não está cumprindo o protocolo de negociação firmado com a suspensão da greve. O projeto de brigada sanitária que está sendo construído defender a saúde dos trabalhadores da educação.

 

O analista desportivo do CEU Paraisópolis, Ricardo Santos, falou sobre as privatizações dos Centros de Educação Unificados – CEUs, do assédio sofridos pelos servidores. Na pandemia trabalhadores sem comorbidades foram obrigados a retornarem presencialmente para as unidades, para fazerem vídeos educativos, sendo que não é dado recursos para isso e os mesmos poderiam fazer os mesmos de suas casas.

Lídia dos Santos, ATE da EMEF Brigadeiro Faria Lima, abordou a situação caótica em que se encontra a categoria, de que eles precisam fazer tudo dentro das escolas, desde entrega de cestas básicas e marmitas, como atender telefone, encontram-se sobrecarregados. Com o envio das mães para as escolas ela acredita que o governo está se organizando para terceirizar o serviço realizado pelos ATEs. Pois as mães também não querem largar estes postos de trabalho.

 

A Guarda Civil Metropolitana também foi representada por Eliane Soares de Lima Santos da Inspetoria Cidade Ademar, expos a situação enfrentada pelos guardas neste período de pandemia. Foram considerados como força de trabalho primordial, não podendo ficar em casa, mas na hora dos benefícios, tiveram que travar batalhas para que os contraíram Covid-19 pudessem declarar como acidente de trabalho. A reforma administrativa também foi abordada, segundo ela, demoniza os servidores, os mesmos que precisam se virar para atender a população ao mesmo tempo que sofrem com a falta de investimento e com a população mal informada.

 

Após as falas demais servidores também puderam realizar suas explanações e falar sobre os problemas enfrentados em seus locais de trabalho como violência institucional, normalização da pandemia e assédio moral sofrido pelos servidores e trabalhadores terceirizados.

 

A secretária dos Trabalhadores da Saúde, realizou uma fala sobre os problemas que os trabalhadores enfrentam e da situação da saúde na cidade. A dirigente do Sindsep, Flávia Anunciação complementou a fala da servidora do HSPM. Maciel Nascimento, secretário dos Trabalhadores da Educação, falou sobre a greve da educação e das lutas da categoria.

 

No segundo bloco do encontro, Vlamir Lima, dirigente do Sindsep, fez uma análise da PEC 32, que quer destruir os serviços e servidores públicos. Lembrando que o Projeto de Lei deu entrada na Câmara em setembro do ano passado, mas só esse ano ele começou a tramitar. As comissões deram legalidade e agora ele está numa comissão especial que irá debater o texto do projeto. Serão 14 audiências e irão até agosto.

 

O dirigente ainda reforçou a importância dos servidores se mobilizarem para cobrarem os deputados para que votem Não a PEC 32, principalmente nas redes sociais. O diálogo com a população e demais servidores, o Sindsep está preparando material para ajudar nessa questão. E da mobilização que esta sendo construída tanto na esfera municipal, quando na estadual e nacional dos servidores.

 

A reunião contou com a presença do vereador Alfredinho (PT) que fez um perfil do prefeito Ricardo Nunes e da relação dele com a Câmara.  O vereador falou que o prefeito sempre foi do MDB e ligado a Maçonaria e a parte mais conservadora da igreja católica. Como vereador sempre trve boa relação com todos, super habilidoso e simpático. Participou de várias comissões importantes, principalmente de finanças.

 

Em relação ao perfil político, Alfredinho acha difícil definir, porque ao mesmo tempo que ele se abre ao diálogo ele tem o lado conservador. Afirmou ainda que Ricardo Nunes, vai ter que construir um governo a cara dele. Para ele poder concorrer a próxima eleição. Ele tem boa relação com a Câmara pelo fato de ter sido vereador. Por fim, que grande parte do que Doria fez no começo foi aprovado e acha que não tem muitas coisas de grande impacto para ser votado no governo dele.  

 

João Gabriel, fez uma breve análise de conjuntura da situação atual dos servidores, sobre a bonificação, sobre as privatizações e terceirizações não irão parar no governo Ricardo Nunes, da luta travada nestes 15 meses de pandemia, pelo Sindsep, por EPIs para os trabalhadores e pela vida. “Ainda que haja um reconhecimento dos serviços essenciais, não vamos viver de tapinha nas costas, precisamos comer, precisamos morar com dignidade. Precisamos falar que temos servidores que tem dificuldades para se alimentar, tem servidores que fazem empréstimo para pagar luz”.

 

Com as falas, os RSU realizaram intervenções e o presidente do Sindsep, Sergio Antiqueira falou sobre a importância das eleições de RSU nos locais de trabalho, para novos e para a renovação dos mandatos dos atuais, principalmente antes da plenária de agosto. Ainda falou sobre a reforma administrativa e que está sendo construída uma luta conjunta. No âmbito municipal a CUT quer trazer o debate para a Câmara realizando uma audiência pública. “Temos vereadores ligados a deputados, queremos que eles pressionem seus deputados para que não passem essa reforma. Vamos ver o fim do serviço público como vemos hoje”.

 

Luba Melo e João Gabriel, ainda convidaram todos para participarem do 1º Sarau na Sacada que acontecerá no dia 5 de julho para comemorar o aniversário de 34 anos do Sindsep. O evento acontecerá na sacada da antiga sede do sindicato no Centro e poderá ser acompanhado pelas redes sociais da entidade.

 

O encerramento foi marcado pela declamação de uma poesia pela servidora Lira Alli, da educação e com a frase do Martin Luther King Jr, “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”, proferida pela servidora Eliana.