Por Cecília Figueiredo e Letícia Kutzke, do Sindsep
Dando continuidade à jornada de luta contra as terceirizações dos hospitais municipais após a aprovação do Projeto de Lei 749 do governo Covas, que extingue várias autarquias como a AHM (Autarquia Hospital Municipal), o Sindsep protestou na tarde desta sexta-feira (21) em frente ao Pronto Socorro do Hospital Municipal Prof. Alípio Corrêa Netto, em Ermelino Matarazzo, zona Leste da cidade de São Paulo.
Durante o ato, servidores públicos e dirigentes sindicais lembraram a luta vitoriosa contra a terceirização no Hospital Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha, mais conhecido como Hospital do Campo Limpo, onde após uma queda de braço com o governo que perdurou por mais de um mês, na manhã desta sexta os profissionais retomaram setores do hospital do controle da organização social Hospital Israelita Albert Einstein.
Charles Monteiro, dirigente do Sindsep na região, ressaltou a importância da mobilizações de trabalhadores e usuários, para que o Alípio não seja alvo da transferência para organizações sociais da saúde. "É preciso que este hospital continue sendo mantido pelos servidores públicos, que prestam um bom atendimento à população", acrescentou, ao informar que a unidade, que recebe pacientes de toda a cidade nos leitos de saúde mental, partos de alto risco e cirurgias, atende a mais de 16 mil pessoas por mês.
Inaugurado em 14 de novembro de 1990, logo após a regulamentação do Sistema Único de Saúde na Constituição Federal, o Hospital de Ermelino Matarazzo é especializado em urgência e emergência, referência em traumatologia e neurocirurgia. Equipada com UTI Adulto, Infantil e Neonatal, além de Banco de Leite, Banco de Sangue, Ressonância e Ambulatório de Especialidades para Egressos, o hospital atende a uma região bastante adensada de São Paulo.
Marcos Antônio, assistente de Gestão de Políticas Públicas (AGPP), que trabalha há 16 anos no hospital disse que a gestão tem deixado a desejar e que existe uma insatisfação muito da população devido à falta de investimento da administração municipal na unidade. Contrário à terceirização, o servidor disse que é preciso valorização no servidor e investimento para superar as precariedades do serviço. “Tem que valorizar os funcionários, inclusive cobrindo as vagas remanescentes com concurso público. Valorizar o servidor ao invés dessa política de terceirização, porque precariza ainda mais o atendimento”, defendeu.
Trabalhadores do hospital também reclamaram do fato de estarem acontecendo três obras, sendo uma delas no centro cirúrgico, o que traz desconforto para trabalhadores e dificuldades no atendimento do hospital, que recebe pessoas não apenas da zona Leste, mas de outras regiões da cidade, em saúde mental, cirurgia e outras especialidades.
Vlamir Lima, dirigente do Sindsep ressaltou a importância da luta e vitória dos trabalhadores do Hospital do Campo Limpo, que conseguiram barrar o processo de privatização da unidade nas ruas e por meio do Tribunal de Contas do Município. “Para nós, representantes dos trabalhadores, as terceirizações significam a maior corrupção no serviço público. Só olhar para o Rio de Janeiro, onde essas organizações sociais controlam a saúde, você tem vários diretores presos, por desvio de dinheiro”, comparou.
O Sindicato dos Médicos no Estado de São Paulo (Simesp) também é contrário ao processo de terceirização dos serviços públicos de saúde. Carolina Castiñera, diretora do Simesp, afirmou que o único resultado das privatizações para trabalhadores e usuários é a a precarização. "Não há benefício nenhum. Nem para o trabalhador e nem para a comunidade”.
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Ejivaldo do Espírito Santo, coordenador regional Leste II do Sindsep, criticou ainda outros desmontes que o governo Bruno Covas vem promovendo na cidade, como é o caso da Covisa e avisou: “não vamos deixar de fazer o enfrentamento contra isso”. Alexandre Giannecchini, coordenador regional Sudeste do Sindsep, defendeu a necessidade de estar em alerta e mobilizado para barrar os desmandos do governo tucano. Ele lembrou que o diretor do Hospital Campo Limpo, nomeado pelo prefeito Bruno Covas, é o médico Cândido Vaccarezza, réu da Lava Jato que usa tornozeleira eletrônica e é conhecido no Hospital Municipal Ignácio de Proença Gouveia (Hospital João 23, na Mooca) como "linha dura" e sem diálogo com os servidores.