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Prefeito Bruno Covas ameaça reduzir assistência à população em situação de rua

28/10/2020 10:35

Na próxima sexta-feira (30) estão previstas demissões de mais de 100 orientadores socioeducativos do Serviço Especializado de Abordagem Social. Oito serviços de atendimento socioassistencial ameaçados de fechamento

Na próxima sexta-feira (30), mais de 100 trabalhadores do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS), da área de assistência social, poderão ser demitidos e 8 serviços estão sob ameaça de fechamento na região central de São Paulo, onde há o maior número de pessoas em situação de rua. 
 
A ameaça aos trabalhadores e serviços especializados ocorre desde março. Há sete meses, as organizações da sociedade civil (OSC) que têm convênio com a Prefeitura de São Paulo e Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), vem renovando mês a mês os avisos prévios de seus funcionários. 
 
Os orientadores socioeducativos, que têm entre 30 e mais de 50 anos, possuem formação de nível médio e alguns em ensino superior, são chefes de família e estão apavorados com o desfecho da situação. Fundamentais no atendimento à população de rua, os orientadores socioeducativos são responsáveis, principalmente agora, no período da pandemia, com o aumento da pobreza e do desemprego, de encaminhar pessoas em situação de rua aos serviços de assistência social – abrigos, locais para alimentação, atividades, de acompanhamento social e de saúde.
 
Orientadoras socioeducativas atuando no centro de SP. Foto: Prefeitura de SP
 
Eles acreditam que o objetivo da Prefeitura de São Paulo e Smads é extinguir o atendimento especializado por público e faixa etária. O que pode significar também o fechamento de oito serviços especializados da região central de São Paulo, a redução das bases de atendimento e num mesmo local passarão a ser atendidos homens e mulheres adultos/as, pessoas LGBTQIA+, idosos, adolescentes, crianças e pessoas com sofrimentos mentais. 
 
“Isso dificultará ainda mais a atenção, os cuidados básicos e o direcionamento de quem está em situação de completa fragilidade e vulnerabilidade”, diz uma das orientadoras que não quer ser identificada. 
 
Para os trabalhadores e o Sindsep, a prefeitura demonstra com essa atitude completo descaso com a população atendida e trabalhadores, em meio às crises sanitária, econômica e de desemprego que assola o país e cada vez gera maior demanda por atendimentos. “Esses trabalhadores desempenham um papel fundamental na assistência às pessoas em situação de alta vulnerabilidade. Nessa pandemia da Covid-19, eles têm atuado mesmo sem proteção, sem acesso a equipamentos de proteção individual em quantidade e qualidade necessários, sem testagem, colocando em risco a sua saúde e de suas famílias, vários trabalhadores, inclusive, por esta falta de cuidado dos governantes adoeceram e tivemos óbitos também de profissionais. Portanto, esta é uma medida arbitrária e que demonstra que o governo Covas enxerga os trabalhadores – públicos e terceirizados – que atuam no setor público como descartáveis”, avalia João Gabriel Buonavita, vice-presidente do Sindsep.