Saúde

Diretora do Hospital Saboya persegue trabalhadores(as) para esconder irregularidades

28/09/2022 15:15

Sindsep, que vem sendo impedido de dialogar com servidores(as), descobre infestação de ratos em zeladoria e panelas armazenadas em necrotério da unidade, após início de reforma

Por Cecília Figueiredo, do Sindsep
 
 
 
 
A gestão do Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara, zona sudeste, vem atentando de forma constante contra o princípio da liberdade associativa e sindical, prevista na Constituição de 1988, ao impedir e/ou dificultar a realização e, assim, participação de trabalhadores(as) em reuniões com o Sindsep e até diálogo com a coordenadora de Região Sudeste do Sindsep, Maria Mota, que acompanha a unidade de trabalho.
 
Além de perseguições e o assédio moral, que pratica sobre trabalhadoras(es) do Hospital Municipal Saboya, a diretora clínica, dra. Josiane, vem impedindo que funcionários(as) exerçam direitos inerentes à condição de sindicalizados, o que representa uma violação aos princípios constantes na Constituição de 88. 

Silenciamento e perseguição
 
Segundo a dirigente do Sindsep, a gestora dificulta o acesso de representantes do Sindsep à unidade de trabalho. “Ela se recusa a ceder o auditório para reuniões do sindicato com os servidores. Isso foi pauta de reunião nossa com a gestora e após muita insistência, ela usou a ‘pandemia de Covid’ como justificativa para não ceder o espaço. Uma justificativa infundada já que tanto trabalhadores(as) do hospital, quanto a direção do Sindsep continuem seguindo as recomendações sanitárias da OMS, além do que as reuniões de CIPA e Conselho Gestor estejam sendo realizadas nesse mesmo auditório”, denuncia.
 
Após inúmeros pedidos do Sindsep à gestão do Hospital Saboya, a diretora acabou “oferecendo” uma sala para as reuniões, localizada no mesmo corredor da sua, o que traria insegurança na participação dos(as) trabalhadores(as), portanto foi recusada. 
 
“Decidimos então ficar em frente ao refeitório para facilitar o acesso dos funcionários ao sindicato. Durante todo o tempo em que estivemos lá observamos a vigília de profissionais para identificar a ação que estávamos realizando”.
 
Além do monitoramento, a gestora também vem tentando barrar a entrada da direção do Sindsep. Nas duas últimas ações realizadas pelo sindicato no Saboya, previamente informadas por ofício, a gestora determinou que, somente após autorização por telefone, liberaria a entrada da representante dos trabalhadores e colocou um funcionário para monitorar. 
 
“Tive que passar pela segunda recepção para registrar nome e RH e ao ingressar na unidade, a gestora havia designado um funcionário para monitorar a atividade realizada dentro do hospital”, contou a dirigente do Sindsep, que observa um cerceamento dos trabalhadores que pretendem conversar, buscar esclarecimento ou atendimento do sindicato, funções que cabem à entidade.
 
Outra situação que escancara a violação por parte da gestão do Hospital Saboya ocorreu após reunião da Cipa, em agosto, quando Maria Mota ofereceu o curso de formação do Sindsep aos membros da comissão, e este mês, quando a assessora do Sindep – responsável pelo trabalho com as CIPAs – chegou à unidade, foi barrada na entrada “por não ter enviado ofício”. 
 
Maria Mota tem ouvido inúmeros relatos de servidores(as) vítimas de situações de constrangimento e perseguições da chefia. “Trabalhadores que tem assento no Conselho Gestor e na CIPA também têm sido constrangidos e monitorados. São chamados a detalhar suas ações e o que defendem nesses espaços de atuação, para os quais foram eleitos”, acrescenta.
 
A falta de liberdade e autonomia somada às péssimas condições de trabalho e a ameaça de terceirização vem gerando insegurança e o adoecimento dos(as) trabalhadores(as) do Hospital Saboya.
 
Irregularidades escondidas
 
O silenciamento dos(as) trabalhadores(as) do Saboya está ligado, provavelmente, a uma série de irregularidades que vem ocorrendo no processo de reforma do Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya. Uma delas está no espaço insuficiente e inadequado que foi improvisado como refeitório para os funcionários se alimentarem, enquanto ocorre a reforma. Há também ratos e pombos passeando pela zeladoria, com forte odor pelo esgoto.
 
“Para ter ideia, o espaço é tão pequeno do refeitório que as panelas foram armazenadas dentro do necrotério. Na zeladoria também registramos a presença de ratos e pombos, além de forte odor do esgoto”.
 
 
Auditório trancado para reuniões de trabalhadores com sindicato, sob justificativa de Covid: panelas armazenadas em necrotério; espaço inadequado para refeitório e zeladoria cheia de ratos e problemas de esgoto
 
 
A gestora vem impedindo assembleias dos funcionários(as) com a direção do Sindsep para que não sejam denunciadas as condições insalubres que trabalhadores(as) e população usuária do Hospital Saboya vêm sendo submetidas.
 
Para o Sindsep, tanto a prática antissindical da gestora, quanto as condições de trabalho e atendimento, de péssima qualidade, são a face da mesma moeda: o desinvestimento nas estruturas hospitalares para justificar a terceirização. O Sindsep é veementemente contrário ao projeto da Prefeitura de São Paulo que está posto, que é precarizar o serviço público com administração direta, para em seguida apresentar que a iniciativa privada executa melhor.  
 
“Vamos seguir denunciando essa prática de terceirização do atual governo do prefeito Ricardo Nunes, que adoece trabalhadores(as) e viola o direito à participação sindical e cobraremos da Secretaria Municipal de Saúde providências sobre a situação da reforma do Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara”, informou Maria Mota.