Saúde

Gestão Covas deixa trabalhadores da Covisa sem água e barra entrada do Sindsep

06/02/2020 16:54

Alguns trabalhadores desceram para buscar os pacotes de água que a chefia proibiu de entrar junto com dirigentes sindicais; um dos servidores chamou um brinde à saúde.
 
 
 
 
Num ato de protesto e solidariedade aos trabalhadores da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), que estão há quase um mês sem água potável para beber no local de trabalho, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Paulo (Sindsep-SP) esteve nesta quinta (6) em frente ao prédio para distribuir garrafinhas de água mineral aos servidores. Confira aqui o vídeo do protesto.
 
 
“Bruno Covas cadê a água para quem está trabalhando? Servidor passar trabalhando sem água!”, repreendeu Sérgio Antiqueira, presidente do Sindsep-SP, ao lembrar que se nem mesmo um direito humano fundamental, como o acesso à água potável aos servidores é garantido, “imaginem o que ele faz com a população?”, acrescentou.
 
 
A prefeitura alega “contrato vencido com fornecedor” e este não é o único problema que atravessa  a Covisa. Essa política faz parte do desmonte que vem sendo realizado no setor, onde atuam mais de 770 técnicos no órgão independente, que é responsável pela fiscalização de serviços públicos da administração direta, sob gestão de organizações sociais de Saúde (OSS) e serviços  contratados.
 
 
Segundo o presidente do Sindsep, todo o processo de desmonte das políticas públicas e serviços públicos, faz parte de um projeto de entrega do Estado. “Está desmontando as unidades básicas de saúde, a Covisa, a Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ), os hospitais....Ontem aprovou um projeto de lei [749/2019, em primeira votação na Câmara] que acaba com várias autarquias. Objetivo: terceirizar tudo. É nisso que estão transformando o Brasil. Esse é o país que a gente não quer”, completou, ao falar da uberização, falta de emprego, ausência de investimentos em pesquisa e educação.
 
 
Trabalhadores seguram garrafinha de água com rótulo: "Bruno Covas, cadê nossa água?" | Fotos: Pedro Canfora
 
 
Antiqueira também lembrou aos trabalhadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das OSS da Assembleia Legislativa de São Paulo, em 2018, que revelou entre outros escândalos, salários superiores a R$ 70 mil pagos a gestores de OSS para administrar serviços públicos. Enquanto isso, disse ele, atrasa licitações de manutenção em escolas, de água no local de trabalho dos servidores, kits de material e uniforme escolar.
 
 
Outros diretores do Sindsep também lamentaram a falta de cuidado com os trabalhadores da Covisa, mas não se surpreendem com o descaso. 
 
“Quando falta água dentro de um órgão como a Covisa, podemos ter uma ideia do que eles pensam dos trabalhadores e da população; e do tanto que está faltando nos serviços de saúde”, denunciou a secretária dos Trabalhadores da Saúde, Lourdes Estevão, ao enfatizar que a oferta de água aos trabalhadores “é o mínimo que podemos fazer, porque o máximo que nós faremos é, na medida, que nos organizarmos tomar as ruas para defender a dignidade de toda a população”.
 
 
Na mesma linha, a diretora, Lucianne Tahan, relembrou que a falta de água para consumo também já ocorreu nas unidades de Vigilância em Saúde (UVIS). “Comprávamos com nosso dinheiro, até que um dia resolveram instalar um bebedouro para 80 pessoas. Agora estamos vivendo isso aqui na Covisa. E quero dizer aos vizinhos do prédio, a quem está passando aqui na rua, que são esses trabalhadores da Covisa que fazem a prevenção de doenças, como o Coronavirus, o controle da qualidade de água para toda a população”, esclareceu a dirigente.
 
 
 
 
Os representantes do Sindsep foram impedidos pela chefia da Covisa de levar água aos mais de 700 servidores. “O sindicato não pode entrar pra conversar com as pessoas e oferecer água?”, questionou o presidente do Sindsep, proibido de acessar o prédio. 
 
 
Alguns trabalhadores desceram então para buscar os pacotes de água doados pelo sindicato, um deles chamou, inclusive, um brinde à saúde, com as garrafinhas de água.
 
 
 
Servidores desceram para buscar os pacotes de água e levantaram um brinde à saúde.| Foto: Cecília Figueiredo
 
 
Ao lado de Roberto Alves da Silva, secretário de Saúde do Trabalhador, o dirigente João Batista Gomes disse que a alegação técnica de não renovação do contrato da água para a Covisa não justifica deixar os trabalhadores sem o acesso. “Garantir água potável aos trabalhadores é dever do patrão. A raiz do problema de não renovação do contrato da água é o mesmo que vem ocorrendo em todos os setores do serviço público, portanto a alegação de atraso na licitação não se justifica”.
 
 
Na ocasião, Antiqueira convidou os trabalhadores da Covisa para as mobilizações em favor da saúde, como a que será realizada no próximo dia 13 de fevereiro, contra o desmonte da Autarquia Hospitalar Municipal, responsável por 11 hospitais municipais na cidade, o ato do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e do 18 de março, Dia Nacional de Greve com outras centrais sindicais, contra as reformas que vêm sendo implementadas pelos governos Bolsonaro, Doria e Covas, a destruição do serviço público e dos servidores.
 
 
Lourdes Estêvão, dirigente do Sindsep, leva água à Secretaria Municipal de Saúde, em protesto ao descaso. Foto: Pedro Canfora
 
 
No retorno, os sindicalistas passaram na Secretaria de Saúde e deixaram algumas garrafas de água para ser levada até o chefe da pasta como forma de protesto.
 
 
Confira outras imagens do protesto na Covisa em nossa galeria de imagens