04/06/2020 18:38
Por Cecília Figueiredo, do Sindsep
O Sindsep apurou que serviços de saúde municipais da capital não estão sendo realizados os testes para diagnóstico de Covid-19 em profissionais de saúde. Ao contrário do que afirmou a Secretaria de Saúde do governo Bruno Covas, em reunião de Mesa Técnica com o Sindsep, no último dia 27 de maio, e veiculou por meio da imprensa, a testagem de 90 mil profissionais a partir de 1º de junho, funcionários de saúde denunciam que a Secretaria Municipal de Saúde estabeleceu regras para testagem.
O ato contraria o compromisso firmado com o Sindsep e também a decisão da Justiça em favor da ação civil pública apresentada pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que garante aos profissionais de Saúde, em especial de Enfermagem, o direito de realização de testes para covid-19, independente de apresentarem sintomas clínicos.
A ampla testagem, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para controle da doença, não está sendo seguida no Pronto Atendimento Jardim Macedônia, na região de Campo Limpo, zona Sul, conforme apurou o Sindsep. O serviço de saúde conta com os dois tipos de teste – o rápido (feito a partir de uma gota de sangue do dedo) e o RT-PCR (análise a partir da coleta de secreção da garganta e nariz) –, mas a indicação vinda da gestão municipal é para que sejam testados profissionais de saúde com sintomas compatíveis com síndrome gripal iniciados há pelo menos oito dias e que estejam há 72 horas sem sintomas.
Indignada uma funcionária disse que a informação dada no serviço é que os testes disponíveis não seriam os apropriados. “Como assim? O teste rápido verifica se estou com o vírus e se der positivo é colhida a secreção de garganta e nariz para comprovar se ainda existe o vírus ou somente anticorpos”, explica ela, inconformada.
De acordo com profissionais, o PA conta com testes rápidos da empresa Wondfo. | Foto: Reprodução Internet
Teste RT-PCR do mesmo fornecedor também estaria armazenado no PA. | Foto: Reprodução
Aproximadamente 30 profissionais do Pronto Atendimento Jardim Macedônia já foram afastados por suspeita ou contaminação confirmada por Covid-19. Na Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Macedônia, que funciona no terreno contíguo ao PA, houve um óbito de profissional.
Os trabalhadores estão assustados e sem entender porquê o governo se compromete com o Sindsep a testar todos os profissionais e depois coloca critérios de quem será testado. Não acata decisões da Justiça em favor dos profissionais de enfermagem e, pior, brinca com a vida de quem está na linha de frente do atendimento à pandemia.
Histórico
Em abril, o serviço municipal, que é gerenciado pela Organização Social (OS) Cejam, já foi alvo de denúncia pela falta de equipamentos de proteção individual ou oferta de máscaras. Para alguns plantões, à época, chegaram a distribuir máscaras feitas com papel toalha, para limpeza de pias, grampeadas a ligas elásticas de escritório.
A unidade de emergência é um serviço porta aberta, que recebe pacientes com mal-estar mais simples até acidentes domésticos, encaminhados quando necessário para o Pronto Socorro do Hospital Municipal de Campo Limpo, e os profissionais não estão sendo testados.
Sindsep
“Inadmissível que dia após dia presenciemos trabalhadores, que estão arriscando suas vidas no atendimento à população, serem tratados com tanto descaso pela administração pública, que se autopromove com ações midiáticas, mas não cumpre com os compromissos firmados. Cuidar de quem cuida é essencial para que a população não sofra sem atendimento pelas baixas nas equipes de saúde que estão numa guerra contra um inimigo potente como o Coronavírus, e muitas vezes sem proteção ou com EPI de péssima qualidade, e sem direito à testagem”, afirma Laudiceia dos Santos, coordenadora Regional da Região Sul I do Sindsep.
De acordo com a dirigente, o Sindsep seguirá denunciando e cobrando equipamentos de proteção de qualidade e em quantidade suficiente, além da testagem para todos os trabalhadores dos serviços essenciais e para a população de São Paulo.