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Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Minicípio de São Paulo

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Funcionalismo

09/06/2022 - 19:10

Servidoras/res se irritam e não aceitam a falta da resposta do prefeito em dar reposição da inflação

Por Cecília Figueiredo, do Sindsep

 

 

Reunindo mais de 3 mil servidores dos níveis operacionais, básico, médio e universitário, da educação, saúde, assistência social, serviço funerário, assistência social, habitação, subprefeituras, além de aposentados, o ato unificado que durou mais de três horas em frente a Prefeitura de São Paulo, começou na tarde de quinta (9) em tom de irreverência, com uma sequência de marchinhas e gritos, mas ao longo das manifestações foi ganhando um caráter de indignação por parte do funcionalismo contra o prefeito Ricardo Nunes e os vereadores da base de sustentação de seu governo na Câmara Municipal. 

 

Logo no início, Lira Alli, coordenadora da Região Oeste do Sindsep, questionou a desigualdade de aumento salarial entre o “primeiro escalão” da administração e servidores/as: “Ricardo Nunes quero um aumento igual ao seu de 46%”. Além de criticar duramente o confisco previdenciário de 14% nos proventos dos aposentados.

 

Representantes do Forum de Entidades, Margarida Genofre (Aprofem), Francisco Ernane Gomes (ACMSP), Débora Cruz (Amaasp), Felipe Torres (Anis), Márcia de Oliveira (Adam), Joélia Aguiar (Sedin), Carlos Pierangelo (Simesp), Deodoro Vaz (Seesp) e Rosana Borges (Sinesp) criticaram duramente a proposta de subsídio que o governo tenta impor aos servidores/as municipais, falta de diálogo e as condições de pauperização a que estão sendo submetidos trabalhadores/as da ativa e aposentados.

 

“Desde 2 de fevereiro protocolamos nossa pauta unificada, que tem como pauta principal a revisão da lei do 0,01% para a recuperação dos nossos salários, para não depender deste ou daquele prefeito. Queremos ser recebidos e discutir nosso reajuste”.

 

Com orçamento de R$ 82 bilhões este ano e um projetado de R$ 90 bilhões para o ano que vem, querem fazer acreditar que a Prefeitura não tem recursos para reajustar o salário dos servidores?  

 

As lideranças também denunciaram as condições cada vez mais precarizadas que estão vivendo os servidores da ativa e aposentados, sem reajuste, adquirindo empréstimos para comprar gás, remédios e comida.



As lideranças que aguardam desde fevereiro uma resposta à pauta de reivindicações denunciaram também a tentativa de golpe com a proposta de reestruturação por segmento, como a que foi aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo, na noite de 8 de junho.

 

“Não aceitem essa proposta, pois esse prefeito Ricardo Nóquio [em referência ao personagem da literatura infantil Pinóquio, que mentia] não está nem aí com você, professor, agente de apoio, enfermeiro....E esse projeto de reestruturação vai chegar a todos vocês e na Câmara há vereadores, como o Danilo do Posto, que só se for de posto de gasolina, porque só atrapalha servidor público. A esquerda votou junto com a Guarda Municipal e a direita, que gosta de tirar fotinho com guarda, votou contra a Guarda Municipal, 34 picaretas votaram contra nós.”, denunciou Evandro Fucitalo, presidente do Sindguardas.



Vlamir Lima, secretária de Imprensa do Sindsep, deu seu depoimento para mostrar como a reestruturação faz mal. “Eu não sou mais AGPP. Fui reestruturado e o prefeito não quer dar reajuste salarial, quer empurrar para o ano que vem. Queremos valorização dos salários, queremos reajuste já para repor a inflação”.
 

Diante de notícias falaciosas, desrespeito da gestão em atender os representantes dos trabalhadores e a necessidade de promover o distanciamento físico pela Covid, o presidente do Sindsep, João Gabriel Buonavita, ordenou a ocupação dos manifestantes ao logo do Viaduto do Chá.

 

Faixa de 10 metros foi estendida na grande do viaduto do Chá | Fotos: Alexandre Linares/Sindsep


Durante a atividade, um faixaço com mais de 10 metros, assinado pelo Forum de Entidades, denunciando “Nunes massacra os aposentados”, foi estendido na grade do viaduto do Chá.

 

João Gabriel Buonavita relatou que, até a última reunião (5ª) com as entidades representativas do funcionalismo, a secretária de gestão teria afirmado que nenhuma nova proposta havia para negociar, no meio da semana  foi descoberta uma reunião com vereadores da base para discutir proposta de ‘modernização’ e reestruturação do funcionalismo“.

 

Barraram nossa entrada, mas soubemos, por meio de áudios vazados, que eles pretendem fazer uma nova reestruturação na Educação. Quem aqui pediu a reestruturação? Pedimos aumento. Tem aposentado ganhando 900 reais, enquanto assessores ganhando R$ 15 mil”, comparou.

 

Antes de subir para a reunião da comissão que estava marcada após às 17h pelo prefeito Ricardo Nunes, nesta quinta, o presidente do Sindsep esclareceu que a proposta defendida é “reajuste linear para aposentado, agente de apoio, professora, enfermeiro, AGPP; todos terão aumento. Para isso precisamos mobilizar todas e todos, ocupar a rua. Vamos nos manter na rua até que a proposta nos contemple. Até a vitória!”.

Reestruturação equivale a mais achatamento de salário e Luba Melo, vice-presidenta do Sindsep, pode ver o significado disso para uma guarda municipal, que chorava após a aprovação do projeto de reestruturação na Câmara Municipal. “Tem servidor vendendo bolo, fazendo UBER para conseguir sobreviver, porque somente com o salário da jornada no serviço público não tem sido possível. E ao chegarmos em algumas unidades, a prefeitura manda a PM para nos receber, mas somos resistência e seguiremos lutando”.

 

Foto: Pedro Canfora/Sindsep
 

A presidenta da CUT-SP, Telma Victor, esclareceu que subsídio não é aumento salarial, significa perda de direitos, ao salientar que a Central Única dos Trabalhadores apoia a luta dos servidores.

 

Na mesma linha, a secretária de Políticas Sociais do Sindsep, Lourdes Estêvão, classificou a proposta de subsídio de “absurda” por diminuir salários. “Os guardas municipais perderam mil reais”, exemplificou. Por outro lado, ela lembrou que há dinheiro no caixa da prefeitura e é direito o aumento salarial. “Temos, cada trabalhador, cada trabalhadora, conversar com outros colega e convencê-los a vir pra rua, pois senão vamos perder mais. Nós não precisamos chorar. Precisamos saber lutar. A luta tem que ser pela dignidade”, enfatizou.

 

Maciel Nascimento, secretário dos Trabalhadores da Educação do Sindsep, ironizou sobre entidades que tentam quebrar a unidade da luta dos servidores públicos e representantes que estão coadunados com a política da gestão municipal.

 

“Alguém aqui viu algum sindicato defender subsídio? Não! Aqui estão unidos aqueles que querem reajuste salarial, que estão pela educação pública. Uma vereadora quer aprovar projeto de terceirização da gestão das escolas. Quer entregar para as Organizações Sociais a gestão escolar. Sabemos onde leva isso. Precarização e piora. A Covid avança nas escolas e o prefeito não faz nada. Não garante reforço vacinal para trabalhadores nas escolas, nem obrigatoriedade do uso de máscaras, nem a ampliação da limpeza e a redução do número de alunos nas salas.  Surtos estão explodindo. Trabalhadores da educação e estudantes ficando doentes pelo descaso da prefeitura”, denunciou.


Bastante indignada, a trabalhadora do Serviço Funerário e RSU do Sindsep, Marilza, disse que o prefeito trata o servidor como lixo. “Usa a gente e depois descarta como lixo. Não é fácil o que está acontecendo com a gente aqui. É tanta desigualdade, nossos colegas que morreram na pandemia e não pudemos nem fazer o luto, e nós carregamos a cidade nas costas. São canalhas”.

O desabafo emocionado de Marilza foi bastante aplaudido por servidores e servidoras, que foram até ela para parabenizar a coragem de soltar a revolta. "O preço do gás, do aluguel, dos alimentos sobe e nosso salário foi corroído. Só os banqueiros, empresários lucram e o prefeito se senta sobre o dinheiro da cidade enquanto os servidores adoecem", emendou a fonoaudióloga Lígia Mendes, da direção do Sindsep.


Em claro desrepeito ao diálogo unificado que o Forum de Entidades vem buscando, a Prefeitura de São Paulo recebeu perto das 18h a comissão de representantes e disse que não apresentará proposta de revisão geral anual, mas se dispõe a discutir em mesas setoriais.

O Forum de Entidades irá se reunir nos próximos dias para debater os próximos passos da campanha salarial. Leia abaixo a nota da entidade.

 




 

 

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