A assembleia desta quarta-feira (09.06) tem início resgatando os encaminhamentos da anterior, que aconteceu quase simultaneamente com outras entidades, após Mesa de Negociação com o governo que ocorrera pela manhã, quando os profissionais deliberaram pelo indicativo ao Fórum de continuidade da greve, já que ainda não era de conhecimento de todos, os termos em que o Protocolo de Negociação seria redigido e ainda assim buscar avançar em alguns pontos. Na sequência foi informado aos presentes a definição do Fórum pela não rejeição da proposta e suspensão da Greve Pela Vida, a partir da decisão das outras 04 entidades que o compõem, e para tanto, comunicaram SME por meio de ofício, apesar da solicitação de reunião feita pelo Sindsep para debater a decisão da nossa Assembleia.

 

João Gabriel ainda falou sobre o belíssimo movimento de greve denuncia, que mobilizou os pais a não mandarem seus filhos para a escola no momento mais grave da pandemia, uma greve que pautou a mídia e entrou para a história. “Nós conseguimos pautar a mídia, conseguimos fazer com que essa greve tivesse relevância, fazer com que essa greve existisse. Isso só foi possível porque trabalhadores e trabalhadoras acreditaram na luta, atenderam ao chamado de mobilização e nós fomos para a frente do gabinete do prefeito, fomos para a frente da Secretaria Municipal de Educação, fizemos belíssimas marchas pela cidade e nós conseguimos construir um movimento belíssimo”. 

 

Maciel Nascimento, Secretário dos Trabalhadores da Educação, abordou em sua fala a questão de as UTIs dos hospitais municipais a cada dia estarem mais lotadas e a falta de política por parte do governo estadual ou municipal para propor uma restrição temporária para tentar conter este quadro. 

 

Trouxe também um pouco do que ocorreu na reunião com os gestores, ocorridas na manhã da quarta-feira, que sofrem com as pressões das Diretorias Regionais de Educação, que pedem o apontamento de faltas, em planilha, o que mais uma vez ocorre de forma diferenciada entre as DREs com clara motivação de pressão e ameaças. 

 

VIDAS PERDIDAS NA EDUCAÇÃO

 

Maciel emocionado falou ainda da homenagem que foi feita no Programa Encontro da Fátima Bernardes, na Rede Globo, bem como da participação da professora Adriana no SPTV. O mesmo canal que apoiou o Golpe de 2016 e não questiona as mortes promovidas pelos governos municipal e estadual, foi obrigado a ser pautado pelo Sindsep e por seus trabalhadores. A responsabilidade destas vidas perdidas é dos governantes. A greve mostrou que “somos gente valente, a gente é guerreiro, a gente ocupa os espaços, a gente denúncia. A gente não arreda, a gente tá junto. Por isso nos emociona assistir a Globo hoje pela manhã e ver os nossos companheiros que perderam a vida nessa batalha e que não conseguiram chegar aqui com a gente. Eles não conseguiram chegar até aqui. E quando a gente percebe a vacinação na sexta feira a gente consegue entender o valor da nossa luta.” 

 

MINUTA DO PROTOCOLO DE NEGOCIAÇÃO 

 

Maciel apresentou os pontos que constam do Protocolo de Negociação, e já adianta que não diferem da pauta já apresentada anteriormente, que foi enviado pelo Governo somente no final da tarde e que portanto, ainda estão em debate para buscar os avanços defendidos pelo Sindsep e as outras entidades do Fórum. São eles:

 

• Instrução Normativa sobre o trabalho remoto;

 

• Publicar até o dia 21 de junho, os grupos de trabalho com a participação dos sindicatos para discutir a revisão do calendário escolar, a análise do ensino fundamental por meio dos ciclos de aprendizagem, reforço e complementação de aprendizagem por meio de apoio pedagógico;

 

apreciar a proposta de revezamento, enquanto durar o processo de vacinação dos profissionais de educação

 

• Agilizar a entrega dos notebooks para os professores e tablets para os alunos até setembro de 2021;

 

• discutir a política de saúde do servidor e do aluno, em 120 dias;

 

• Debater com a Secretaria Municipal de Saúde:

 

a) antecipação do calendário de vacinação que já está praticamente antecipado na sua totalidade;

 

b) realizar possíveis ajustes no protocolo de fechamento das escolas no caso de ocorrência de Covid;

 

c) recorte para os profissionais da educação do Boletim Saúde da Covid;

 

d) discutir a proposta do uso do RT-PCR com resultado em 24 horas a serem aplicados nas UBS voltados aos profissionais da educação;

 

e) realizar a sanitização das escolas fechadas, antes das pessoas retornarem.

 

• Priorização das vacinas CoronaVac e Janssen pelo curto período de imunização;

 

• A expansão para todas as unidades escolares do sistema informatizado de controle e monitoramento dos casos de Covid que só foram previstos nas escolas chamadas “escolas sentinelas”;

 

• Secretaria se comprometeu a comprar mais um lote de EPIs, referente a máscara e escudo facial (Face Shield);

 

• Secretaria mantem o envio de verba para reforma nas escolas via PPRF, para as adaptações necessárias;

 

• Não realizar novos apontamentos de faltas aos trabalhadores grevistas e devolver 50% dos dias parados, agora em junho e os demais aos poucos, conforme forem sendo repostos os dias não trabalhados.

 

• Encaminhar ao governo do estado o pedido de inclusão dos profissionais da educação infantil nos critérios para concessão do benefício de 50% na utilização do transporte do metrô e trem, o Bilhete do Professor que foi retirado no mês passado.

 

Maciel também apontou a importância de incluir no protocolo o reconhecimento do direto a greve e nenhuma ação punitiva aos grevistas. 

 

Anterior ao processo de votação, os trabalhadores inscritos puderam sanar as principais dúvidas e por fim, foi levada a apreciação dos trabalhadores se aceitavam a proposta acordada com o governo, com a vacinação iniciando nesta sexta-feira e construir as estratégias luta. A votação teve 93% dos votos favoráveis, 5% de abstenção e somente 2% dos votos contrários. 

 

TRABALHADORES FALAM NA ASSEMBLEIA

 

Finalizada a votação, todos os presentes puderam se manifestar com o objetivo de construção das estratégias de resistência e luta, reafirmando a prática da democracia operária, princípio constitutivo da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e que está na base dos 34 anos de luta do Sindsep.

 

Uma professora da Zona Oeste registrou “Estou feliz e honrada de estar aqui hoje com vocês. Me filiei ao Sindsep durante a greve. Nessa greve tivemos dois agentes de ação: o Sindsep e os Comandos Regionais de Greve”. Para ela “temos de nos defender agora de duas coisas: da Covid e a nossa saúde mental (...) Vamos nos organizar no chão das escolas, com brigadas sanitárias com os representantes sindicais, CIPAs, conselhos de escolas...”. Um professor avaliou “que nossa prioridade é organização, organização e organização (...) para construir uma resistência”. 

 

A diretora do Sindsep Luba Melo denunciou a exclusão dos Analistas dos CEUs do acesso a nova vacinação: “Estamos numa luta danada, um inferno para garantir vacina para os Analistas dos CEUs de nossa cidade. Vamos fazer luta na Saúde com atos nos Hospitais Municipais e queremos os trabalhadores da educação”. Luba também falou “é preciso agora eleger os representantes sindicais de unidade (RSUs) para continuarmos essa luta".

Uma coordenadora pedagógica “Lutar sempre vale a pena. Enfrentamos muitas dificuldades (...) quero parabenizar a postura corajosa e generosa do Sindsep. Nos sentimos acolhidos e construímos muitas sínteses.”  Uma professora da Zona Leste disse emocionada “Estou emocionada em saber de que sexta vou tomar vacina. No grupo da escola muitos colegas falando ‘agora vamos ser vacinados e isso é resultado da greve’”. Muitas outras falas seguiram o tom de reafirmar continuidade da luta. Foi proposto a participação de todos no ato do dia 19 de junho, Fora Bolsonaro, para dizer não a Reforma Administrativa e de defesa dos serviços públicas 

 

Sergio Antiqueira presidente do Sindsep, em sua fala abordou a história do Sindsep e sua trajetória. Agradeceu a Comissão de Greve pelo trabalho. Também trouxe a proposta que o Sindsep junto com a CUT está trabalhando com os trabalhadores agrícola, para no dia 26 de junho distribuir 500 toneladas de alimentos sem agrotóxicos para as famílias. Assim, ajudando os trabalhadores do campo, que não tem capacidade de articular uma venda grande, faz propagando da alimentação saudável nas comunidades e trabalhadores. Vamos fazer duas atividades grandes em duas regiões na cidade. 

 

Trabalhadores em sua sugeriram que fosse realizado um Sarau pelo Sindsep, apresentaram propostas de brigadas sanitárias em defesa da saúde, a necessidade de se discutir um plano de educação, a participação nos planos pedagógicos, fazer debates na educação. Falaram sobre as dificuldades enfrentadas durante a greve. 

 

Os profissionais de educação comemoraram a vitória da vacina para os trabalhadores na sexta-feira. E da importância de se cuidarem ao retornarem