Por Cecília Figueiredo (com colaboração de João Santana), do Sindsep
Fotos: Alexandre Linares e João Santana
Manifestantes realizaram caminhada do Coren até o vão livre do Masp. | Foto: Alexandre Linares
Mais de 2 mil profissionais da Enfermagem realizaram, nesta sexta (9), uma caminhada na avenida Paulista, em São Paulo. O Sindsep se somou à Confetam e Fetam, junto com representantes de outras entidades sindicais do estado, para fortalecer o Dia Nacional de Mobilização pela Revogação da liminar que suspendeu a Lei do Piso da categoria, apresentada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, no domingo (4).
Com faixas, cartazes e pirulitos, manifestantes criticaram duramente a decisão do ministro. “A enfermagem está na rua, Barroso a culpa é sua”, foi uma das palavras de ordem entoada durante a caminhada. Dentre as reivindicações estampadas em faixas e cartazes: “Libere o nosso piso salarial! 18% aos ministros e nada para a enfermagem”; “Heróis e heroínas pagam boletos! Respeito ao piso salarial da enfermagem!”; “Respeitem a Enfermagem”; “Piso Salarial Nacional da Enfermagem fica!”.
Manifestante critica ministro Barroso por suspender a lei que estabelece o piso salarial. | Foto: João Santana
Vlamir Lima, dirigente da Confetam, esclareceu que a mobilização em São Paulo é parte dos protestos que estão ocorrendo em todo o território nacional para defender que o piso nacional salarial seja pago. “É inadmissível a suspensão do ministro Barroso, que só beneficia o patronato e os governos aliados.O piso não é suficiente, o que a categoria precisa neste momento de crise econômica e social que passamos, mas ajuda na luta para mobilizar e arrancar o necessário para a melhoria dos salários. Já passou pelo Congresso, foi sancionado, agora é pagar", assinalou.
Para o presidente do Sindsep, João Gabriel Buonavita, a decisão monocrática do STF atende aos interesses do setor privado e setores que trabalharam contra o estabelecimento do piso da categoria, como o presidente Jair Bolsonaro, que vetou vários pontos importantes da lei. “Por isso, estamos fortalecendo essa luta, que é fundamental pela valorização das/os trabalhadoras/es da saúde, que estiveram na linha de frente do combate à pandemia e são essenciais no SUS”.
Segundo o dirigente, o piso nacional é imprescindível na composição de renda das/os trabalhadoras/es da Enfermagem. “Sabemos que há muita desigualdade entre o setor público e privado, para quem trabalha em grandes e nos pequenos municípios, entre organizações de saúde, santas casas, que não respeitam os referenciais mínimos na contratação desses profissionais”.
Douglas Cardozo, coordenador da Região Sul I do Sindsep e auxiliar de enfermagem no Hospital Municipal do Campo Limpo, a suspensão do pagamento do piso é vergonhosa. “A enfermagem do Brasil e, aqui, de São Paulo, está presente porque a conquista do piso é fruto da luta da classe trabalhadora”.
Por essa razão, Lourdes Estêvão, secretária de Políticas Sociais do Sindsep e enfermeira de profissão, avalia que a luta não pode seguir restrita apenas à categoria.
“Entender a importância do papel da enfermagem na saúde deve se estender a toda população, porque não saúde sem enfermagem. Assim como na pandemia, esses profissionais trouxeram para si a responsabilidade de cuidar da população, salvar vidas dos pacientes e a luta por condições de trabalho, para que houvesse equipamentos de proteção. Passamos a ser vistos como heróis, mas estamos hoje reivindicando condições de trabalho, o direito de comer, vestir, de pagar aluguel, porque com o salário que temos não temos como manter uma vida com qualidade. Não é só o Barroso o responsável, mas o governo Bolsonaro, e nós precisamos do apoio de toda a população para derrubar essa suspensão”.
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