Por Cecília Figueiredo, do Sindsep
Montagem com foto da fachada (SMS/PMSP) e do ato (Fábio de Freitas Souza/Sindsep)
O Núcleo Especializado de Atenção à Saúde do Trabalhador (NEST) do Hospital do Servidor Público Municipal é a nova vítima de desmonte do governo Ricardo Nunes. O departamento é composto por uma equipe multiprofissional de 28 servidores, entre médicos, assistentes sociais, psicólogos, técnicos da Segurança do Trabalho e engenheiro do Trabalho, que auxilia na prevenção de doenças, recuperação e restabelecimento da saúde das trabalhadoras e trabalhadores do HSPM. No entanto, o prefeito Ricardo Nunes quer agora esvaziar o serviço, removendo parte destes profissionais para o COGESS e, mais uma vez, suprimindo o direito ao cuidado da saúde de quem trabalha no HSPM.
Em protesto a isso, o Sindsep realizou, na última segunda (17), com servidores da manutenção, do NEST e de outros setores do hospital, um protesto contra o fim do serviço que foi construído pela luta dos trabalhadores, após a extinção dos SESMT da Prefeitura de São Paulo, com a ampliação de recursos de atendimento, promoção de saúde e prevenção de doenças dos servidores que atuam no hospital.
“A equipe do NEST atende aos 3 mil servidores do HSPM e não apenas na parte de documentos, mas da prevenção de doenças, oferecendo exames periódicos e cuidados necessários. Já chegamos a ter fisioterapeuta, médico ortopedista, médico do trabalho, psicólogos, assistentes sociais. É um trabalho muito importante realizado no cuidado de quem cuida. O que assistimos hoje é o desmonte de tudo que está relacionado ao cuidado da saúde dos trabalhadores. Esse departamento foi essencial, na pandemia, para atender aos nossos colegas que estavam na linha de frente, independente de ser ou não acometido por covid. Sem saúde nós não conseguimos atender outros colegas”, disse Flávia Anunciação, secretária de Trabalhadores(as) da Saúde do Sindsep.
Para José Carlos Pinheiro, o Mãozinha, do setor de manutenção, o NEST foi fundamental na descoberta precoce e tratamento do câncer de próstata. “Fui operado aqui no hospital e hoje não tenho nada. Estou aqui porque sabemos que esses trabalhadores se preocupam conosco”, ressaltou.
Segundo ele, o governo está preocupado em acelerar a privatização de serviços que funcionam bem, enquanto vários problemas continuam se avolumando para garantir o atendimento. Ele citou as obras paralisadas do PS Infantil, a precarização do setor de manutenção e a reforma bilionária que em menos de um ano já apresenta problemas.
João Batista Gomes, secretário de Política Intersindical do Sindsep, parabenizou o trabalho realizado pelo HSPM. “O HSPM garante um atendimento de excelência e só não consegue fazer mais pela falta de trabalhadores, medicamentos e equipamentos. Um hospital desse que atende milhares de trabalhadores não pode ficar sem o NEST. O Cogess [Saúde do Trabalhador da Prefeitura] não dá conta, terceirizaram exames médicos, consultas ambulatoriais; imagine agora? Tem que chamar concurso público e não desmontar serviço. É preciso garantir atendimento digno para quem trabalha no serviço”, acrescentou o dirigente, ao criticar o dinheiro público drenado para OSSs, quando o correto seria a realização de concursos para ocupar o déficit de servidores.
O Sindsep encaminhará para a Mesa da Saúde, Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores e Ministério Público do Trabalho a discussão, denunciando as alterações feitas sem diálogo com os trabalhadores/as e seus representantes.
“É um absurdo a suspensão de um serviço, sem reconhecer sua importância para melhoria dos doentes crônicos. É inadmissível essa política de RH. O NEST é importante para o conjunto de trabalhadores do Hospital do Servidor Público”, disse Flávia, ao classificar o esvaziamento do setor como uma “violência contra os servidores”.
Para o presidente do Sindsep, João Gabriel Buonavita, essa é mais uma prova de que a prefeitura desvaloriza e desrespeita servidor público, e deve ser enfrentada pelo conjunto dos servidores. “Eles não gostam que façamos manifestações, mas se não dialogar faremos toda semana, e não adianta perseguir trabalhador, como fizeram com o Luciano, e têm feito com os trabalhadores da Manutenção”.