SINDSEP - SP

Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Minicípio de São Paulo

SINDICALIZE-SE

Saúde

25/05/2020 - 13:14

Sindicatos e população exigem de governo Covas/Doria reabertura do Hospital Sorocabana

Ativistas denunciaram ainda a negligência dos tucanos com profissionais de saúde sem proteção de qualidade frente ao avanço da pandemia que coloca São Paulo como epicentro do novo coronavírus.

Por Cecília Figueiredo (fotos e texto), do Sindsep
 
 
Com faixas e cartazes exigindo a reabertura do Hospital Central Sorocabana, na Lapa, zona Oeste, dirigentes do Sindsep do SindSaúde-SP (Sindicato dos Trabalhadores Públicos do Estado de São Paulo) e Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo) se juntaram a moradores e ativistas de Pompeia, Perdizes, Lapa, Brasilândia, Freguesia do Ó, representantes de movimentos populares, associações e parlamentares fizeram um protesto, na última sexta-feira (22), na entrada da unidade fechada há 10 anos.
 
 
 
Dos 365.213 casos confirmados de Covid-19 no Brasil, 82.161 estão no Estado de São Paulo e passava de 49 mil na cidade de São Paulo, conforme dados oficiais consolidados do boletim da prefeitura até domingo (24). Em número de mortos, passava de 22 mil vítimas no Brasil, mais de 6 mil no estado e 3.550 no município. Em 24h, o país teve mais de 650 mortes no Brasil, São Paulo é o epicentro, as medidas adotadas produzem pouco ou nenhum efeito, o espalhamento da doença vai avançando pela cidade e a ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva na região metropolitana de São Paulo já beira 90%.
 
O número de hospitais de referência com 100% de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) chegou a 13 no estado de São Paulo, na sexta-feira (22). Das 13 unidades hospitalares, cinco estão na capital paulista e oito no restante do estado. O Hospital das Clínicas e o regional Sul, em Santo Amaro, também estão perto do limite. Os hospitais de campanha anunciados como a salvação da lavoura, estão bem aquém da estrutura necessária para salvar vidas.
 
 
 
 
OSS: Muito dinheiro para 'puxadinhos'
 
As 200 vagas do Hospital Municipal de Campanha (HM Camp) do Pacaembu são administradas pela Organização Social de Saúde (OSS) Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein. Os 1800 leitos anunciados pelo Hospital de Campanha do Anhembi (HM Camp), que nem todos são de UTI e que foi iniciado em 11 de abril com 326 leitos em operação, são administrados em parte pela OSS SPDM e a outra parte (Pavilhões Oeste e Norte/Sul), que compõe a maior fatia do Hospital, pelo Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), conforme comunica o site da Prefeitura de São Paulo. 
 
Iabas é a mesma OSS investigada pela força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, que já recebeu ao menos R$ 256,5 milhões pela implantação e gestão de 7 hospitais de campanha para vítimas da covid-19, embora apenas três estejam em funcionamento, mas já recebeu adiantado 1/3 dos R$ 770,3 milhões previstos no contrato para seis meses de funcionamento das unidades pelo governo do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
 
 
:: Assista ao vídeo do ato pela reabertura do Hospital Central Sorocabana
 
 
Manifestantes querem estrutura permanente
 
Enquanto isso, hospitais públicos com porte para o atendimento da população estão fechados ou sucateados “por falta de vontade política”. “A gente gasta muito dinheiro com hospital de campanha que não ficará seis meses aberto quando poderia investir esses recursos no Hospital Sorocabana, que tem um movimento em defesa da reabertura desse hospital muito antes do COVID-19. É só ter boa vontade de governos municipal e estadual para reabrir a unidade, que tem leito e tudo que é necessário para agora e depois da pandemia”, disse Lucianne Tahan, diretora do Sindsep, durante o protesto pela reabertura do Sorocabana. 
 
O Hospital Municipal Sorocabana tem capacidade de 150 leitos e está há 10 anos fechado. Fundado em 1955, o Sorocabana já foi referência na zona Oeste. 
 
 
Para Manoel Norberto, dirigente do Sindsep, a demanda por atendimento agudizada pela crise sanitária e o número de óbitos na cidade provam que os hospitais de campanha são insuficientes. “Nossa luta é pela reabertura do Hospital Sorocabana, para que a população tenha de volta esse atendimento público”. Enio, morador da Brasilândia – onde há a maior concentração de casos de COVID-19 na cidade –, reforça que a Prefeitura e Estado precisam se entender para reabrir o hospital, porque a população está tentando segurar a pandemia “mas o Poder Público tem que fazer a parte dele”.
 
A presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Estaduais da Saúde (SindSaúde), Cleonice Ribeiro, disse que “os governos Federal e Estadual estão jogando dinheiro público no lixo”. “Não dá para fazer distinção de cuidado entre ricos e pobres”, referindo-se a hospitais de campanha instalados em bairros distantes da periferia, onde há maior incidência de casos da doença e óbitos.
 
De acordo com o deputado federal Alexandre Padilha, a manutenção do Hospital Central Sorocabana fechado é a prova de que os governos tucanos não querem hospitais permanentes para atender à população. Segundo ele, quando ainda era ministro da Saúde, o Estado ganhou na Justiça a possibilidade de usar esse hospital. “Pressionamos o Estado de São Paulo na ocasião, garantindo recursos para que a unidade fosse reaberta ao SUS, para garantir que atendesse a população não só do entorno, mas da Brasilândia, Pirituba, Freguesia do Ó... E seria importante para essa região, que tem um número grande de idosos. Mas, os tucanos enrolaram e disseram que iriam fazer um ‘puxadinho’ do Incor ao invés de um Hospital Geral”.
 
Somente no final da gestão Haddad, quando já haviam sido abertas uma unidade para exames, pequenas cirurgias e consultas especializadas da Rede Hora Certa e um Centro Especializado em Reabilitação (CER II Lapa), o Estado fez um decreto de cessão por 20 anos do terreno do Hospital Central Sorocabana para a Prefeitura de São Paulo. “Deixamos um projeto pronto e o recurso destinado para o Bruno/Doria reabrir o hospital”, lembra Padilha.
 
O pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo Jilmar Tatto, se comprometeu a reabrir o hospital com o nome de Raphael Martinelli, líder sindical ferroviário que idealizou o hospital na região. 
 
De acordo com Tatto, as gestões do governador João Dória e do prefeito Bruno Covas preferem hospitais de campanha a assumir compromisso com um hospital para atendimento permanente da população. 
 
João Batista, dirigente da CUT e do Sindsep, ressaltou a exigência que a Central Única dos Trabalhadores, Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde (CNTS), os sindicatos filiados vêm reforçando pelo acesso à fila única de UTIs. “Porque enquanto as UTIs públicas já estão batendo os 95% de sua capacidade de atendimento, tem hospital privado com UTI ociosa. O Poder Público deveria tomar essas UTIs para atender ao povo trabalhador que está adoecendo”, acrescentou.
 
No protesto, os manifestantes também denunciaram o descaso dos governos Bruno Covas e João Doria com população e profissionais de saúde sem proteção, estrutura para trabalhar e necessidade de “ampliação dos serviços públicos de saúde”. Os manifestantes também pediram a saída urgente do governo Bolsonaro, a quem classificaram de “genocida”.
 
 
 
 
Confira outras fotos do ato
[voltar]