15/07/2020 - 14:59
O Sindsep esteve, na última terça-feira (14), no Hospital Dia da Rede Hora Certa Dr Flávio Giannotti, no Ipiranga, região Sudeste, para verificar as condições do equipamento de saúde ameaçado de terceirização.
Assim como o Hospital Municipal do Campo Limpo, na zona Sul, que está ameaçado de ser entregue em 1º de agosto para a organização social de saúde (OSS) Hospital Israelita Albert Einstein, o Ambulatório de Especialidades corre também o risco de ser transferido para a OSS SPDM.
Luba Melo, diretora do Sindsep, esteve no serviço para conversar com trabalhadores(as)
Luba Melo, diretora do Sindsep, esteve no serviço para conversar com trabalhadores(as) que estão angustiados com o avanço do processo da terceirização na unidade e a falta de respeito ao trabalho que a situação tem imposto. Mais de 100 trabalhadores, concursados da direta e municipalizados, que atendem à população diariamente no AE Flávio Giannotti, alguns inclusive que foram contaminados pelo Coronavírus, estão ameaçados de continuidade em seus empregos com a entrada da SPDM.
Pandemia
Embora a unidade não seja referência para o tratamento da Covid-19, desde o início da pandemia, o serviço vem recebendo a população com suspeita para exames de imagem, como radiografias.
Segundo a dirigente do Sindsep, alguns trabalhadores foram afastados temporariamente para o setor de vacinação de unidades básicas de saúde (UBS) durante a pandemia. “E agora são simplesmente desrespeitados neste processo de terceirização da unidade, sem informações, orientações e nem opção de escolha. Terceirizar um bem público é atacar os direitos sociais da população. Ao defender a terceirização/privatização, a gestão municipal pretende transformar um bem público, garantido pela Constituição de 88, do direito à saúde, em bem de consumo. Não vamos aceitar", afirmou Luba.
De acordo com um dos profissionais, que pediu à dirigente para não ser identificado na matéria, o que está ocorrendo por parte do governo é “um descaso com quem se dedicou a vida toda à saúde das pessoas”.
Regulação, onde foi verificada a aglomeração de trabalhadores, em 17 de março, após decreto de emergência. Foto: CF
Para se ter uma ideia das más condições de trabalho, em 17 de março, um dia após o prefeito Bruno Covas ter decretado situação de emergência na cidade de São Paulo, a diretora do Sindsep, Maria de Lourdes Rocha (Lurdinha) constatou várias irregularidades no complexo de saúde, durante visita. Em apenas uma sala, onde funciona a Regulação e assessoria, haviam 42 pessoas trabalhando amontoadas. Servidores compartilhando o mesmo computador e mesa, sem distanciamento algum, não havia álcool em gel para servidores e alguns funcionários do grupo de risco permaneciam em atendimento ao público. Sem contar a situação de assédio e perseguição desde que a atual coordenadora regional de Saúde Sudeste, Nilza Piazzi, decidiu mudar o prédio administrativo da Coordenadoria para o imóvel onde funciona também o Centro Especializado em Reabilitação (CER) IV Flávio Giannotti, reduzindo de três andares a ocupação do serviço para um único piso.
Sindsep solicitou reunião com Coordenação
O Sindsep já realizou esse ano várias ações, incluindo manifestação em março, dias antes da decretação de situação de emergência, no prédio onde funciona o CER IV e o Ambulatório de Especialidades que integram a Rede Hora Certa.
:: CER Ipiranga: servidores em situações insalubres
Em razão do avanço do processo de terceirização e agravamento da pressão sobre os trabalhadores(as), a direção do Sindsep solicitou reunião com a Coordenadoria da Região de Saúde Sudeste, Supervisão de Saúde do Ipiranga e Gerência da unidade para tratar do assunto e exigir respeito aos profissionais de saúde, que estão na linha de frente contra a maior crise de sanitária e social que o país enfrenta.
Histórico do serviço
Inaugurado em março de 2015, o Hospital Dia da Rede Hora Certa Flávio Giannotti, no Ipiranga foi implementado para reduzir o tempo de espera para exames, consultas especializadas, terapias e cirurgias eletivas.
A região do Ipiranga, que compreende também os distritos do Sacomã e Cursino, constitui uma população de 436 mil habitantes, conforme o Censo IBGE 2010, no entanto o serviço com capacidade média de 1.500 atendimentos/dia não se restringe ao atendimento de pessoas que vivem no território, pela oferta de procedimentos cirúrgicos e ambulatoriais com equipamentos que faltam em outras áreas da cidade, mas de outras regiões.