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08/08/2016 - 16:03

"Coloca um paninho ai pra cobrir esse peito"

Amamentar em público é, também, um ato político

Apesar de parecer simples, amamentar em lugares públicos ainda é um tabu. Por conta disso, desde 2012, no Brasil, mulheres se reúnem e realizam Mamaços. A primeira semana de agosto é toda dedicada ao incentivo à amamentação, a Semana Mundial do Aleitamento Materno.

Pode parecer trivial um monte de mulher dando peito para seus filhos na rua, mas o mamaço é um ato político. Muitas mães já foram constrangidas em situações assim, e foi a força das próprias mulheres que reverteu o caso. Em São Paulo agora existe uma multa para quem proibir ou intimidar mães amamentando. Já aconteceu por exemplo de lugares que proibiram uma mulher de amamentar receberam, não só uma, mas dezenas delas em outro momento, mostrando que não serão caladas. Depois disso esses locais não tomaram outras atitudes proibicionistas. Justamente no momento que agente vivência o retrocesso nos direitos, todos os direitos, principalmente no direito das mulheres, é extremamente importante a gente estar ocupando esses espaços pra mostrar que a amamentação deve ser incentivada, ela deve ser apoiada nos espaços e deve haver políticas públicas que garantam isso", diz Luba Melo, organizadora do Mamaço que aconteceu na capital paulista no último dia 6.

 A Organização Mundial da Saúde recomenda que os bebês sejam alimentados exclusivamente por leite materno até o sexto mês, e que o processo siga até os dois anos. Mas no Brasil a média é de 54 dias mamando. Falta de apoio na família, licença maternidade de 4 meses, falta de orientação estão entre os motivos que tornam essa média pequena. Mas outros fatores como excesso de medicação também atrapalham as mães - a antiga história do leite fraco, que leva mulheres a introduzir fórmulas lácteas, prejudicando a amamentação e também o uso de medicamentos para aumentar a produção de leite, que prejudicam o bebê - " eu fico impressionada com a quantidade de mães que tão sendo medicadas pra amamentar, nos últimos 4, 5 anos teve uma verdadeira epidemia de mães tomando um medicamento, que é um anti depressivo, que tem como efeito colateral estimular a produção de leite e que agora estão parando de receitar porque descobriram que o remédio aumenta o risco de AVC nos bebês", explica Tatiana Tardioli, dançarina, que estava presente no mamaço realizado em São Paulo.

Sobre a licença maternidade, Graziela Mantueli, produtora que está fazendo um filme sobre aleitamento materno, diz: " a licença maternidade são 4 meses, então esses dois meses que a mãe deveria amamentar exclusivamente, como é que ela faz se ela tem que ficar 8 horas longe do bebê? Essa matemática não fecha, então, você vê um monte de mãe no sufoco para tirar leite, algumas conseguem, outras não, às vezes depende da mãe negociar com o patrão umas férias, ou 15 dias de folga, então tudo rola de forma informal, não existe uma política pública ideal para que essa mãe amamente exclusivamente durante os 6 meses"

Durante agosto ainda vão acontecer outras edições do mamaço, pensando em ser e divulgar esse apoio que falta. Uma mãe que tem vontade de amamentar, se se sentir estimulada, com uma rede que luta por isso somada a uma orientação de qualidade, tem força para conseguir. "A idéia do filme é tentar sensibilizar, justamente para a gente aumentar essa média. Eu acho que as mães no Brasil estão muito dispostas a amamentar, o que acontece, no meu ponto de vista, é que o que está em torno dessas mães não favorecem elas, então é um pediatra que tá desatualizado, que indica fórmula sem necessidade, a família que acha que tem uma cultura complementação."

O mamaço pode parecer coisa pequena, mas a discussão sobre os direitos dos corpos das mulheres não é. Amamentar, apesar de parecer simples, também é luta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: https://ninja.oximity.com/article/Coloca-um-paninho-ai-pra-cobrir-esse-1

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