O abraço simbólico para que o AE/UBS Freguesia do Ó seja mantido no mesmo prédio agora reformado, teve a participação do Sindsep. Para se ter ideia, o serviço de saúde, que está presente na região há mais de seis décadas, atende há aproximadamente 4 mil habitantes numa área bastante carente, e em meio à pandemia não parou nem um dia a rotina de atendimentos por conta da reforma. Pelo contrário, acrescentou a testagem de Covid-19, a vacinação e em alguns momentos teve que improvisar o atendimento dos pacientes na garagem, sob chuva, inclusive, para ceder lugar às obras de melhorias, importantes para o serviço, comunidade e trabalhadores.
“Em meio à reforma, com tudo sendo quebrado, poeira, muitas vezes os trabalhadores tiveram que coletar exames aqui fora da unidade, vários adoeceram mais de uma vez por Covid-19, foram bravas e bravos nesse período todo para dar conta do atendimento, e agora que a unidade está praticamente pronta, população terá um melhor atendimento e trabalhadores um espaço decente, corríamos o risco de que o AE fosse transferido para a UBS Guanabara, que corresponde à metade do espaço deste equipamento. Para cá seria trazida a UBS Vila Palmeiras, uma unidade administrada pela parceira. Sendo assim, trabalhadores e população seriam deslocados para outro equipamento menor. Por isso, estamos aqui para reafirmar esse abraço ao AE/UBS Freguesia do Ó”, afirmou Lucianne Tahan, coordenadora da Região Noroeste e futura secretária de Formação dos Trabalhadores do Sindsep (gestão 2022-2026).
Neusa, usuária do AE Freguesia, disse que a população quer somente um local decente para ser atendida e os profissionais fazerem seu trabalho. Outra moradora disse que ninguém deixou de ser vacinada durante a pandemia. Alguns moradores que já se tratam há 12, 20, 30 anos também deram depoimentos em favor de trabalhadores e da manutenção do serviço de saúde no local.
“Estamos aqui denunciando uma prática que parece sistemática na região Norte/Noroeste, de reformas dos prontos-socorros. Foram planejadas transferências para locais de difícil acesso e sem que haja as condições de infraestrutura para que a população possa ser atendida e os trabalhadores possam atender. Queremos saber do prefeito Ricardo Nunes e do secretário Edson Aparecido, se não há interesse e comprometimento com a população, para planejar o processo de reforma? Porque com a reforma do PS Santana, a prefeitura também queria comprometer o atendimento do AE Tucuruvi. As pessoas seriam atendidas onde? Somente após denunciar é que a prefeitura descobriu que dava pra fazer de outra forma. Portanto, estamos aqui para questionar novamente, pois sabemos que não falta capacidade na Coordenadoria, achamos que aí o que há são outros interesses”, denunciou o vice-presidente do Sindsep, João Gabriel Buonavita, que em maio toma posse como o novo presidente do sindicato (gestão 2022-2026).
Durante transmissão ao vivo, o dirigente acrescentou que a população não pode ficar sem atendimento, trabalhadores sem locais adequados para trabalhar e a gestão sem dar a transparência em suas ações. Ele também afirmou que o ato realizado foi para garantir que mais um erro contra trabalhadores e população não seja cometido.
Lili, dirigente do Movimento A Saúde na Brasilândia Pede Socorro, concorda que os equipamentos de saúde necessitam de reformas e melhorias, mas apontou uma alternativa viável para o PS 21 de Junho, sem ter que desalojar trabalhadores e nem dificultar o acesso da população, num serviço de baixa qualidade.
“Por que eles querem tirar daqui o Ambulatório? Porque será feita uma reforma no PS 21 de Junho, que está correto, tem que reformar, no entanto pra onde será levado o serviço 21 de Junho? Por que não leva para o Hospital da Brasilândia? Um prédio moderno, que está fechado, e já que terá de interromper o atendimento no PS 21 de Junho para reformar, então abre o atendimento no Hospital da Brasilândia. Todos que moramos na Brasilândia quanto na Freguesia do Ó vamos poder usar. Mantém o AE funcionando, a UBS do Vila Palmeiras funcionando e a UBS Jardim Guanabara funcionando. Não podemos perder serviços, já temos poucos”, sugeriu, ao convidar trabalhadores, população e Sindsep a participar de uma caminhada do PS 21 de Junho até o Hospital da Brasilândia, no próximo dia 30 de abril, às 9h.

Lucianne Tahan salientou que, apesar da Prefeitura de São Paulo ter comunicado que teria voltado atrás, sexta passada (25), há informações de que uma nova reunião está prevista para a próxima quinta-feira (31), onde será definida a situação. Dezenas de moradoras e moradores encerraram o ato com uma salva de palmas aos trabalhadores do AE Freguesia do Ó e em seguida fizeram um abraço em torno da unidade.